sábado, 21 de novembro de 2015




















Verde!
Verde, verde!
Azul! Azul! Azul!
O Rio Doce ficou marrom
O verde foi arrastado
O azul perdeu a luz
A vida foi dizimada
O homem chora lágrimas de sal
Diante da devastação
A tristeza inunda minh'alma
A esperança se esvai
Haverá dia em que o respeito à natureza falará mais alto que o vil metal?

quarta-feira, 26 de março de 2014

O TRUQUE DOS READY-MADES E O ARTISTA COMO MESSIAS¹

Se você não compreende a verdade revelada pela alquimia do artista-messias na não-arte, é porque sabe nada, inocente!





Em outro texto já tratei da estranheza que me causa grande parte da arte contemporânea. E tratei de forma mais genérica. Bem, aos poucos pretendo seguir com o debate especificando um pouco mais. Apesar de ter citado os ready-mades, foi de passagem. Sigamos nisso, pois vale a pena. Afinal, os ready-mades são essa maravilha da alquimia, onde o ordinário se transmuta em singularidade pelo simples desejo do artista-messias. Vamos lá.
Em 1917, Duchamp tava meio aborrecido com o Salão de Nova York e resolveu fazer uma pegadinha do Mallandro. Em vez de mandar uma obra de arte, decidiu enviar um mictório batizado de Fonte. Segundo uma testemunha, George Bellows, presidente do júri, ficou indignado. Achava aquilo uma piada de mau gosto. Então surge o marchand de Duchamp, Walter Arensberg, e diz, como um apóstolo: - Foi revelada uma forma encantadora libertada de sua finalidade funcional; inquestionavelmente uma contribuição de ordem estética. Ao que Belows retruca: - Não podemos mostrar isso. Essa coisa não passa daquilo que é. E Arensberg: - Este é exatamente o significado. Uma oportunidade para que o artista envie qualquer coisa que tenha escolhido. Ninguém pode decidir o que é arte, isso compete somente a ele.
Pronto! Nesse momento desce à Terra e encarna entre nós o artista-messias, aquele que transforma nada em alguma coisa, e nos revela a Verdade. Tudo isso, apenas, utilizando conceitos. O artista-messias não modifica a matéria, ele modifica a "alma" das coisas. A palavra "messias" vem do verbo hebraico que significa ungir, aplicar o óleo santo. O artista-messias é esse que faz a unção das coisas, e as liberta do seu sentido comum.
Esse conceito apresentado por Duchamp foi denominado ready-made, objetos comuns que ganhariam status de obra de arte quando deslocados do seu uso habitual e expostos em outro contexto. Dessa forma, o objeto se validaria pela vontade do artista, e não por si mesmo. Isso gera um nó conceitual, pois chancela uma obra justamente por ela ser o que não é. Afinal, só partindo da premissa de que algo não é arte que se pode aplicar a mágica de ser arte quando proclamada. E a quem é permitido fazer e decidir isso? Como disse Arensberg, ao artista. E somente a ele.
O ready-made acima se chama Diálogo Inútil². Está exposta em uma galeria num dos maiores shoppings de Salvador. Não sei quem é o autor. Apesar da galeria levar o nome de um famoso artista baiano, há obras de outras pessoas. Mas isso não importa. O debate não é sobre ele, é sobre o todo da coisa. Bem, quase 100 anos depois, a pegadinha de Duchamp segue firme. Na vitrine ampla, bem localizada, com uma iluminação bonita, galeria elegante, eis que se destaca a peça: dois rolos de papel higiênico dentro de uma caixa de vidro. Segundo li (pois a vergonha não me permitiu entrar e perguntar) a peça custa R$ 2 mil. Ou seja, admite-se a possibilidade de alguém pagar para ter aquilo. O que antes era uma piada pra questionar valores de um Salão, hoje virou uma obra de galeria.
Fiquei com a questão: se eu tiver o incontrolável desejo de ter em casa, para meu deleite estetico-artístico, dois rolos de papel higiênico num aquário, por que não poderia eu mesmo produzir, gastando bem menos? Ora, simples: porque se eu produzir não será obra do artista-messias. Afinal, o valor não está no objeto, mas na unção dada. Como escreveu a crítica Anne Cauquelin "o artista é apenas aquele que mostra. Basta-lhe apontar, assinalar". Ou seja, o artista-messias aponta, e o profano se faz sagrado. E só ele pode fazer isso. Mas, se esses iluminados são os portadores da Verdade revelada, porque nós mortais temos dificuldade em aceitá-los? Robert Right, no ótimo livro A Evolução de Deus, nos responde. Escreve ele:
"Marcos parece responsável por um dos artifícios de defesa mais impressionantes dos evangelhos: a explicação de por que Jesus, enviado por Deus para convencer as pessoas de que o Reino de Deus estava próximo, convenceu tão poucas pessoas. Disse:
Quando se acharam a sós, os que o cercavam e os doze indagaram dele o sentido das parábolas. Ele disse-lhes: "A vós é revelado o mistério do Reino de Deus, aos de fora, porém, tudo se lhes propõe em parábolas; deste modo, eles olham sem ver, escutam sem compreender, sem que se convertam e lhes seja perdoado".
Ou seja, o artista-messias só é compreendido plenamente por aqueles que tem fé, se converteram à sua palavra, e o seguem. Aos demais, a estranheza é fruto de ainda não fazerem parte do círculo sagrado. Por isso tudo lhes parece sem sentido.
Então, paradoxalmente, apesar de tudo poder ser arte, nem todos são artistas e nem tudo é compreensível. De certa forma, o título da obra do papel higiênico tem razão: é um diálogo inútil. Ou se aceita a Verdade, ou você não a compreenderá.
E se você, caro leitor, ainda não assimilou a verdade revelada pelo artista-messias e, como Belows, acha que a "coisa não passa daquilo que é", é porque sabe nada, inocente!, como diria o filósofo Cumpadi Washington.
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¹ Publicado em artes e ideias por Carlos Batalha // 26 mar 2014.
² A obra é da autoria do Artista Plástico Leonel Mattos, exibida em seu atelier no Salvador Shopping.

Outros artigos: http://lounge.obviousmag.org/do_zepelim/autor/


segunda-feira, 3 de setembro de 2012





Impropriedade

Própria
para consumo
não sou
Antes
sou o veneno
que te escurece a alma
Eu sou a lâmina
que te dilacera a carne
Sou o ácido
que corrói
os teus sonhos de menino
Sem perdão
Sem culpa
Para sempre
Amém

sábado, 21 de janeiro de 2012

De volta ao MAM



De volta ao MAM, desta vez para um curso de litogravura que se estenderá até junho, preenchendo de novidades minhas tardes de terça e quinta-feira.


Essa técnica de impressão utiliza uma pedra calcária de grão muito fino e baseia-se na repulsão entre a água e as substâncias gordurosas.


Quem quiser saber mais pode visitar
 http://tipografos.net/tecnologias/litografia.html


Depois de nove horas de trabalho, estou curiosa para saber como vai ficar a impressão. Por enquanto o que tenho é isso.

Quando puder ver o resultado final, espero poder explorar melhor os efeitos que a técnica proporciona.


 Acho que vou usar esta foto para o próximo desenho a utilizar no curso


Depois das aulas ainda se pode desfrutar das belas imagens que envolvem o MAM de Salvador com uma aura de magia e beleza:













sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Mais um ano que se foi


Feliz Natal e um Ano Novo maravilhoso para todos!





Este ano quero paz no meu coração
(neste e em todos os que estão por vir, no meu coração e no seu também)

Quem quiser ter um amigo, que me dê a mão
(alguém já disse: os amigos são o sal da terra)

O tempo passa
(passa igualmente para todos e o passado deve permanecer lá, no passado)

E com ele caminhamos todos juntos, sem parar
(e quando todos vão na mesma direção, o caminho é mais fácil e os encontros possíveis)

Nossos passos pelo chão vão ficar
(faça das suas pegadas sinais de força e fé, que possam ser seguidas pelos que estão sem rumo)

Marcas do que se foi
(as marcas ficam para nos ensinar a não cometer os mesmos erros)

Sonhos que vamos ter
(os sonhos existem para tornar a realidade mais leve e nos dar esperança no futuro)

Como todo dia nasce, novo em cada amanhecer
(e cada dia é um presente para ser vivido com plenitude)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

sábado, 5 de novembro de 2011

Peregrina



Peregrina

Eu ando pelo mundo
abrindo cortinas
atravessando muros
Carrego comigo a certeza
Das incertezas faço pouco
Mergulho profundamente
A névoa da solidão
espanto com o sopro do pensamento