
Apanhado. De meias. Sapatos pendurados nos dedos médio e indicador. Descendo a escada de madeira na ponta dos pés, devagar, tentando evitar o ranger dos degraus. Chaveiro contido na mão, impedindo o tilintar das chaves.
- Aonde você vai?
- Vou até a portaria, buscar a revista V.
- Precisava se arrumar todo assim?
- É.
- E por que os sapatos na mão?
- Para não lhe acordar, não queria incomodar.
- A revista só chega amanhã, domingo
- ...
Será que eles ainda acreditam na máxima "negar sempre, até o final"? Ainda não se deram conta que essa é apenas uma maneira de subestimar e desrespeitar o outro em todos os sentidos? Não perceberam que o amor vai morrendo aos poucos, gota a gota, esvaindo-se numa série de mágoas, flechas certeiras, cravadas no coração?
- Quero a separação!
- Mas por quê? Por quê? Eu te amo!
Ora façam-me o favor. Não perceberam ainda que o modelo cafajeste saiu de moda?