terça-feira, 28 de setembro de 2010

Vertical






Eu não sirvo para você
Carrego mistérios e segredos que te fariam corar
Tenho medo do futuro e o presente às vezes me oprime
Sofro de uma enxaqueca que, de vez em quando,
me obriga
a procurar a escuridão
Sou romântica, sonho com "um amor desses de cinema"
Choro ao assistir filmes, notícias tristes, injustiças
Tenho um Deus particular, criado sob medida
A inteligência e a lógica me fascinam
Aprender é um vício
Considero o amor o sentimento que poderá salvar
o mundo
de si mesmo
Sou tímida e o vermelho tinge minha face com facilidade
A beleza e o viço da juventude vão sendo subtituídos
aos
poucos pela sabedoria e calma da maturidade
A arte é uma necessidade, as tintas e os pincéis me
confortam e alimentam de beleza e paz
Sonho, realizo, volto a sonhar
Caio, levanto, volto a caminhar
Sou múltipla e singular
Livre e prisioneira
Âncora e ar
Naufrágio e superfície
Eu não sirvo para você, mas sou perfeita para mim


15 comentários:

Bípede Falante disse...

Lucia!!!!!!!!!!!!!
Que poema genial, maravilhoso!
Estou encantada, emocionada, abestalhada :)
Adorei. Amei.
Você é mesmo muito talentosa. Dessa vez fiquei tão impressionada com as palavras, que ainda nem olhei muito bem a tela. Vou até ela agora. Beijos

Bípede Falante disse...

Lucia, são duas telas. Eu sempre aumento para ver. Uma precisando da outra. Interessante. Preciso pensá-las com o seu poema. Talvez, uma seja a livre e a outra a prisioneira.
Lindas como sempre que a sua mão e o seu senso estético são atrevidos como as suas ideias.
bjs.

Anônimo disse...

Estranho. Eu comecei a escrever algo parecidíssimo. Muuuito estranho!

Começava mais ou menos assim:

"Não ouses me invejar, minha vida não te serviria."

Nem vou tentar continuar porque você deu show.

Bj

Lucia Alfaya disse...

Bípede, suas palavras me emocionam sempre, muito obrigada pelo seu carinho. Andei pensando, o título da postagem bem que poderia mudar de Vertical para Auto-retrato...

Bjs

Lúcia

Lucia Alfaya disse...

Chorik

teria sido transmimento de pensassão?

Acho que você deve escrever a sua versão sim, porque não? Tenho certeza que seria originalíssima! Vou ficar esperando.

Bjs

Lúcia

Bípede Falante disse...

Lucia, acho que o comentário das telas, porque são duas, se perdeu. Eu tinha escrito que tinha visto que eram duas porque costumo aumentar as suas imagens e salvá-las na minha pasta. E que elas faziam uma bela parceria de liberdade e prisão! beijos

Moniz Fiappo disse...

Lindíssimo, brilhante. Ouso dizer que dessa vez o poema superou até mesmo a tela, e olhe que sou sua admiradora também nos pincéis...
De f... Vou ler de novo.

aeronauta disse...

Lúcia, profundo é o seu texto, profundo e maduro. Obrigada por sua visita lá em casa. Voltarei aqui outras vezes.

Terráqueo disse...

Genial. Esse teu texto é algo bem Lucia ALfaya. Um grande beijo.

Marta disse...

um hino ao amor próprio.
belíssimo.
obrigada.

Tuca Zamagna disse...

"Tenho um Deus particular, criado sob medida"

Perfeito. É de um assim que eu precisava, mas ainda não consegui criá-lo.

O problema dos deuses das religiões é que foram criados para uma coletividade, daí serem sempre imperfeitos demais para indivíduos rebeldes, insatisfeitos com a mera condição de rez de um rebanho. Não dá, né? Fica folgado ou apertado, nunca cai bem na alma que se sabe única, solitária na sua singularidade.

Muito bom conhecer o seu blog.

Beijos

Lucia Alfaya disse...

Tuca, obrigada pela visita e pelas palavras carinhosas. Volte sempre.

É verdade: o Deus das religiões "...nunca cai bem na alma que se sabe única, solitária na sua singularidade.", você foi perfeito em sua colocação. Por isso precisamos ser os alfaiates, precisamos nós mesmos "costurar" um Deus que nos caiba perfeitamente e assim como nós somos singulares e únicos ele também deve ser, até o ponto ideal onde nos confundimos com ele, ele passa a habitar em nós e nós nele. E não há aqui nada de religião, apenas uma busca de comunhão com o outro e com a natureza. É isso que eu procuro, é nessa direção que tento caminhar. Sei que ainda estou longe, não sei se chegarei, mas vou morrer tentando.

Estive lá no Desinformação Seletiva, gostei muito, estou seguindo. Adorei a entrevista de Juca Andarilho, entre outros escritos.

Bjs

Lúcia

Anônimo disse...

Uma autobiografia perfeita! Como fotografo fico a imaginar nas projeções do poema o autoretrato!

Parabens!

Unknown disse...

Uma autobiografia perfeita! Como fotógrafo, fico a imaginar o seu autoretrato.

Parabens!

Lucia Alfaya disse...

Jura, que bom que você passou por aqui. Adorei a visita. Volte sempre! Um grande abraço.
Lúcia