domingo, 25 de julho de 2010

Trajetória II


Pois bem, depois de dois cursos de desenho, seguindo a minha lógica de aprendizagem, decidi que deveria conhecer as técnicas de pintura. Matriculei-me então na Escola Caminho das Artes, no curso de Introdução às Técnicas de Pintura, com Ana Maria Villar, grande mestra e incentivadora. Com ela me iniciei no caminho da pintura, o qual continuo percorrendo com prazer, sempre aprendendo e me surpreendendo com sua mágica e poder de sedução.

Foi Ana Maria Villar que me aconselhou a fazer o curso de Edson Calmon, nessa época ministrado na mesma escola. Me encantei com os trabalhos produzidos pelos alunos de Edson, que utiliza a colagem como base para a criação artística e mergulhei de cabeça na experiência. Tudo o que produzo hoje tem por base esse aprendizado.

Reproduzo a seguir trecho de um texto de Edson sobre seu curso que poderá esclarecer um pouco mais sobre sua metodologia:


"Curso de Estímulo à Criatividade Através da Expressão Plástica

Essa metodologia se baseia na teoria que defende a colagem como base imaginativa da criação plástica e até mesmo de um certo tipo de criação literária.


A colagem é um meio que possibilita uma arqueologia pessoal, um instrumento que permite uma investigação inter e intra pessoal, um garimpo do universo interior de cada indivíduo.


Acreditamos que seja um método mais rápido e eficaz que o desenho. A linha é uma operação muito complexa. Salvo para as pessoas que tem habilidade inata para o desenho, o grafismo, esse fio que contorna todos os objetos em nossa vida, é uma abstração que de fato não existe na natureza. O desenho, para quem não o domina de forma espontânea, cria um verdadeiro entrave para o desenvolvimento dos que querem se iniciar nos processos de criação artística.

Percebemos a realidade de forma tridimensional e ela nos apresenta massas de valor e cor que podem ser representadas na superfície de uma tela, de maneira muito mais eficiente, através de um jogo de planos. Dessa forma, a colagem se mostra um processo facilitador muito mais apropriado do que o desenho, da maneira como ele é ensinado nas academias.

Da forma como a aplicamos, a colagem é um método que possibilita o desenvolvimento do pensamento divergente, na medida em que se constitui um fantástico jogo de possibilidade associativas. A criatividade é estimulada na prática desses jogos combinatórios, potencializando a capacidade de estabelecer relações novas com informações que já tínhamos guardadas na memória."


Do curso de Ana Maria Villar, também em primeira mão, divulgo aqui alguns dos trabalhos produzidos durante o aprendizado de algumas das técnicas de pintura, todas tendo o papel como suporte:



Aquarela








Pastel seco







Nankim




Acrílica


terça-feira, 20 de julho de 2010

Trajetória I

Quando resolvi que pintar seria algo especial para fazer num momento particularmente triste de minha vida, me inscrevi num curso de desenho de observação. Como a maioria das pessoas, eu pensava que o primeiro passo para pintar era saber desenhar.

Não tenho talento nato para o desenho e, por isso, até conseguir algo razoável tenho que dispender muito esforço e energia vital. Hoje, vital para mim é pintar.

Com Edson Calmon aprendi que um exímio desenhista não se tornará, necessariamente, um grande artista. Além disso, há diversas formas de se transferir uma imagem para a tela sem recorrer à habilidade do desenho.

Edson, que utiliza a colagem como recurso para a criação em arte nos ensina:


"Grande equívoco pensar que o poder de desenhar é um dom e somente os que o possuem podem desenvolver um processo de criação capaz de colocá-los no patamar da criação artística.

O fato de ter habilidade inata para o desenho não credencia ninguém como artista. O que dá a dimensão de arte a uma obra é a sua fatura estética.

Desenhar é uma ação mágica, elegante e convincente. Com algumas linhas rápidas e espontâneas, o indivíduo pode levar emoção às pessoas e travar com elas um diálogo no plano estético. O desenho não exige nenhuma qualidade excepcional do ponto de vista da destreza manual do sujeito que o pratica, exige sim, do seu sentido intuitivo, da sua capacidade imaginativa e criadora e do seu sentimento.

Um desenho traçado com linhas toscas, sem nenhuma “habilidade” e sem nenhuma ligação com a “realidade” visível, se for oriundo de profunda e verdadeira sensação íntima, pode conter mais vida, mais emoção e beleza do que outro, asséptico, bem confeccionado dentro das normas da boa execução técnica e do exercício da observação externa.

O “excesso de habilidade” pode levar ao maneirismo estéril, à rigidez que acaba por sufocar qualquer possibilidade de emoção estética."

Em primeira mão, vou mostrar para vocês alguns desenhos produzidos na época, entre eles um auto-retrato. Infelizmente nunca mais exercitei o desenho o que, no meu caso, é fundamental para conseguir produzir com alguma qualidade. Em minha última viagem até comprei um pequeno caderno para voltar a desenhar, mas ainda não o fiz. Um dia, quem sabe...




Carvão nº 1





Minha eterna fonte de felicidade




Minha eterna fonte de felicidade de chapéu




Kirk Douglas




Desenho criativo





Auto-retrato

Nenhum fio de cabelo solto
Talvez para não deixar escapar
Qualquer pensamento
Qualquer sentimento
Como se isso fosse possível
Olhos de quem viu de quase tudo
De quem sofreu quase tudo
Que mais haveria para sofrer?
Rosto-estátua, fria
Por que tinha que ter sido assim?
Dessa época só guardo os brincos!