domingo, 25 de abril de 2010

Convite

Este é o convite para a exposição do mestre Edson Calmon e de André Barbosa, será na EBEC Galeria de Arte, com abertura no dia 29 de abril, às 19:00, na Rua Amazonas, 746 - Pituba - Salvador - Bahia, Tel. 71 3240-4743. Visitação até 28/05/2010, das 09 às 19h.

Eu recomendo!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Estudo



Esta imagem é de um estudo feito em papelão que não foi transportado para a tela. Apesar disso, gosto muito desse trabalho, mesmo fugindo um pouco ao meu estilo. Gosto das cores, das ondulações interrompidas por retas bruscas, das formas invertidas, ora dentro, ora fora. Talvez um dia ela renasça numa tela de 100 x 120, acho que seria um bom tamanho.






Vasos alvos
Alvos vasos
Meus olhos
Olhos teus
Verdes
Azuis
Céu e mar
Mera possibilidade
No tapete da sala
Vejo o futuro
Seu e meu
Flores no deserto
De uma solidão sem fim


quarta-feira, 14 de abril de 2010

Bienal





Esta sou eu, na Bienal de São Paulo, MAM, 2006, usando um dos objetos feitos em plástico transparente, que fazia parte da exposição.

Sempre que posso vou a museus, visito Bienais, Salões de Arte, faz parte do meu aprendizado como artista observar o que está acontecendo, quais as novidades na área das artes, mais especificamente na pintura.

Tenho muitas indagações com relação ao que ainda pode ser produzido em pintura que possa ser considerado novidade ou inovação. Tenho a sensação de que tudo já foi feito. Por isso leio, procuro me informar para entender a arte, sua evolução até aqui e para onde ela caminha.

Observo, com alguma tristeza, que a pintura tem perdido espaço para as instalações nos eventos e exposições de arte. E, cá para nós, muitas delas são um amontoado de objetos com muito pouca arte.

Pesquisando na net sobre o assunto, encontrei uma entrevista de Antônio Veronese. Me identifiquei com suas idéias a respeito das bobagens que povoam as Bienais e resolvi transcreve-la aqui para a crítica e a reflexão de vocês que, como eu, se interessam pelo assunto:

"Antônio Veronese, o artista plástico brasileiro que exigiu o dinheiro de volta na Bienal 2002 do Museu Whitney em Nova York, foi à 25ª. Bienal de SP a convite do Jornal da Tarde e analisou o que vale e o que não vale o ingresso.

Segue a transcrição da matéria do Jornal da Tarde de 13 de abril de 2002.

Você , quando critica as bienais do Whitney e de São Paulo, não está negando aos artistas conceituais o direito de expor seus trabalhos? Isso não é antidemocrático?

Eu não nego a ninguém o direito à exibição. Só acho que essas instalações deveriam estar na Disneyworld e não nos museus. São objetos para o divertimento e a interação, da mesma forma que um boliche ou stand de tiro-ao-alvo.

O que gerou a sua reação encolerizada no Whitney?

Não foi uma reação encolerizada. Foi uma reação natural de quem se sentiu ludibriado tendo que pagar para ter acesso a um amontoado de futilidades. Os “autores” destes farsismos se trancam no banheiro e riem de todos nós. O que fazem é terrorismo estético. Eles sabem que não têm nenhum valor - eles estão conscientes disso - mas contam com a cumplicidade de curadores e com a covardia da crítica.

Você chama a esses artistas de filhos espúrios de Duchamp. Por quê?

A criação artística é produto de duas experiências: uma histórica e outra pessoal. O artista tem que conhecer a Arte que o antecedeu, mas precisa também da segunda experiência, a pessoal, fruto do trabalho contínuo, do lento avançar naquilo em que trabalha. Cezanne, aos 64 anos já havia parido o modernismo, mas reclamava que ainda não havia conseguido ir até o fim em sua busca. O caminho é longo e exige paciência e dedicação. Esse pessoal das instalações é culto, conhece a História, mas tenta dar uma rasteira na segunda exigência, a da experiência pessoal. Socorre-se para isso de conceitos que serviram em outras situações mas que, no caso deles, não passa de malandragem. O Urinol de Duchamp foi uma consequência da sua busca pessoal, num contexto particular e específico. Mas defender que o urinol possa ser manipulado indefinidamente é encenar a nossa própria decadência. Por isso que eu digo que os conceitualistas são filhos espúrios de Duchamp.

Você não está, com essa tese, restringindo a manifestação artística à pintura e à escultura? Que diferença tem essa sua crítica da que sofreram os impressionistas no final do século XIX?

A Arte é da natureza dos homens. Ela não é espontânea na natureza. É produto da interferência do homem, que não pode ser supérflua ou presunçosa. Victor Hugo dizia que a obra de arte é uma variedade de milagre. Para Malraux os artistas não são copistas de Deus , mas seus rivais. A arte contemporânea quer socializar o direito de produzir arte, antes restrito aos artistas. O que produz é facilmente copiável, diferentemente de um retrado de Rembrandt ou de uma mesa com maçãs de Cezanne. Para mim comparar a minha crítica com as que sofreram o impressionismo e o modernismo é uma inocência. Uma vez eu “incorporei” minha bota de couro a uma instalação no Whitney do Soho em Nova York. Só fui buscá-la no dia seguinte. E ela estava lá, no mesmo lugar em que a deixei. Ninguém se deu conta de que, por 24 horas, eu havia me tornado co-autor da instalação. Isso seria impossível com uma tela de Bacon ou de Lucien Freud. A crítica foi, durante muitas vezes na História, preconceituosa e totalitarista. Mas questionar meu direito de criticar agora é também uma forma de totalitarismo. Para mim há mais humanidade em uma simples aquarela de Egon Schiele do que em toda a Bienal de São Paulo reunida. A Arte precisa do espanto, mas só os pobres de espírito se espantam com o ordinário."

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Também os nossos queridos Zeca Baleiro e Zé Ramalho se manifestaram brilhantemente sobre o assunto ao compor Bienal, transcrita a seguir, uma crítica bem humorada das mostras de arte contemporânea:

BIENAL
Composição: Zeca Baleiro / Zé Ramalho

Desmaterializando a obra de arte no fim do milênio
Faço um quadro com moléculas de hidrogênio
Fios de pentelho de um velho armênio
Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta

Teu conceito parece, à primeira vista,
Um barrococó figurativo neo-expressionista
Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista
Ao cabo da revalorização da natureza morta

Minha mãe certa vez disse-me um dia,
Vendo minha obra exposta na galeria,
"Meu filho, isso é mais estranho que o cu da gia
E muito mais feio que um hipopótamo insone"

Pra entender um trabalho tão moderno
É preciso ler o segundo caderno,
Calcular o produto bruto interno,
Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone,
Rodopiando na fúria do ciclone,
Reinvento o céu e o inferno

Minha mãe não entendeu o subtexto
Da arte desmaterializada no presente contexto
Reciclando o lixo lá do cesto
Chego a um resultado estético bacana

Com a graça de Deus e Basquiá
Nova York, me espere que eu vou já
Picharei com dendê de vatapá
Uma psicodélica baiana

Misturarei anáguas de viúva
Com tampinhas de pepsi e fanta uva
Um penico com água da última chuva,
Ampolas de injeção de penicilina

Desmaterializando a matéria
Com a arte pulsando na artéria
Boto fogo no gelo da Sibéria
Faço até cair neve em Teresina
Com o clarão do raio da silibrina
Desintegro o poder da bactéria

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Madri y Barcelona

Estes são Madri e Barcelona






Sentindo-me nostálgica com relação às minhas origens, encontrei um texto que recortei de uma dessas revistas encontradas a bordo do avião.

Trata-se da descrição da preparação de uma paella, escrita pela chef Helena Rizzo que, para isso, recorreu a uma memória tenra de sua idade. Durante a leitura fui sentindo cheiros, desvelando cores, ouvindo antigos chamados e agora divido com vocês essa deliciosa leitura:

Paella da Lua Cheia

Era uma noite quente de verão e estávamos eu e minha família de férias no sul de Santa Catarina, em uma casinha simples, bem perto da praia. De madrugada, em busca de algum vestígio de brisa, deitei no sofá da sala e apaguei. Lá pelas tantas, meu sono é interrompido por um ruído familiar. Quando abri a porta que dava para o quintal, ainda sonolenta, pude ver meu pai lixando freneticamente uma enorme panela de paella, enferrujada pelo pouco uso. Começava o ritual para o jantar.

No café da manhã, a panela já estava brilhando. Meu pai pegou a chave do carro com a lista na mão e saiu em busca dos ingredientes nos mercadinhos locais e nas peixarias da redondeza. Trouxe o suficiente para fazer o caldo com a cabeça e as espinhas do robalo, além das aparas das lulas e do polvo para impregnar o arroz com os aromas da terra e do mar. Também comprou lenha em uma marcenaria próxima - detalhe que faz toda diferença e que remonta à origem
e à tradição dos camponeses espanhóis.

Depois, colocou o calção e foi para a praia descansar. Descansar? Que nada. Pegou meus óculos de natação e um saquinho de malha e caminhou até o canto direito da praia. Nadou 30 metros em direção ao fundo e agarrou-se à ponta de uma rocha. Passaram-se alguns minutos e nada de ele voltar. Fiquei preocupada e resolvi ir atrás. Encontrei-o com os bolsos do calção inflados de mexilhões e alguns cortes nos braços e nas pernas.

Mexilhões nos bolsos, ingredientes na mão, paella limpa e lenha no chão. Recomeça a função e entramos também na dança. Pica isso, corta aquilo, cozinha o polvo, limpa a lula. Boas horas de mise en place. Começa a anoitecer e é lindo de ver o fogo aceso e aquela mesa ao lado cheia de pratinhos com ingredientes escolhidos e manipulados com carinho. Depois de pronta, seguramos eu e meu pai a enorme paella e a levamos até a casa de meu tio, também na beira da praia. No
trajeto, ela recebeu alguns toques especiais: a brisa do mar, o perfume das árvores e a luz da lua cheia daquela noite de verão. E de tudo nos alimentamos.

Helena Rizzo é chef do restaurante Maní, em São Paulo, reconhecido como um dos melhores de cozinha contemporânea do país, e consultora do cardápio da TAM, Toque de Chá.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Panopramanga






Tento ver através
das sombras
das nuvens
da cortina da vida
Tento encontrar a serenidade
o equilíbrio
o amor verdadeiro
Busco no balanço das ondas
nas noites de lua cheia
e no cheiro das flores de laranjeira
Na linha imaginária
entre a sanidade e a loucura
busco a verdade da mentira
a luz da escuridão
a dor do prazer
o prazer da entrega total
de onde não há mais volta