sábado, 30 de abril de 2011

Enfim Exposição




Uma galeira à espera de nossas pinturas

colagem criada em 29.04.2011
para este post

Finalmente Ivonete e eu conseguimos um espaço para fazer nossa exposição de 2011. Trata-se da Galeria do Conselho, anexo do Palácio da Aclamação, belo espaço localizado em Salvador, no Campo Grande:



Palácio da Aclamação


A seguir, o release da exposição. Em breve, convite para todos os apaixonados por arte.



Exposição “Solitudes” na Galeria do Conselho

A Galeria do Conselho de Cultura da Bahia promove no dia 08 de julho de 2011, às 19h, a abertura da exposição “Solitudes”, projeto das artistas Lucia Alfaya e Moniz Fiappo.

A mostra reúne obras em técnica mista sobre tela, fruto do trabalho desenvolvido no período 2010-2011.

Lucia Alfaya é natural de Salvador e começou sua carreira artística em 2000 quando iniciou seus estudos na Escola Caminho das Artes. Desde então tem participado de diversas exposições coletivas e teve um trabalho selecionado no VII Salão Bahia Marinhas em 2009.

Na atual série de trabalhos, Lúcia Alfaya reflete sobre a solidão do homem pós-moderno, nutrida pelo medo da violência e facilitada pelas conexões virtuais que promovem e multiplicam as relações sociais mas, ao prescindir da presença física, isolam e exacerbam  o individualismo do homem contemporâneo.

A artista retrata personagens solitários, em cenários assépticos, eles podem estar olhando para dentro ou para fora, não se sabe pois não possuem rosto, são anônimos como a solidão que os consome.

Moniz Fiappo é natural de Santo Amaro, Recôncavo da Bahia, dedica-se a criar formas e linhas que explodem em cores, e utiliza-se nesta exposição de suportes tradicionais.  A variedade de formas geométricas é seu ponto forte. Participou de inúmeras exposições em Salvador, sendo a última na Galeria do EBEC.

A artista trabalha também com outros suportes sem entretanto fugir ao desenho  abstrato, pontuado por recortes que ajudam a compreender o casamento entre criação e matéria.

Desprezando rótulos ou padrões, introduz na criação aspectos/representações próximas do universo abstrato, mas o ritmo marcante, as linhas que induzem possibilidades manifestam, na escolha, seu profundo interesse pelo irreal.

O que:  Exposição “Solitudes” das artistas Lucia Alfaya e Moniz Fiappo
Onde:  Galeria do Conselho de Cultura da Bahia
Abertura: 08 de julho de 2011 às 19h
Visitação:  11 de julho a 08 de agosto de 2011, de segunda a sexta, das 09 às 17:30
Entrada franca

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Crônica da loucura



Voltou a malhar. Vai sempre que pode. Faz um esforço para ir pelo menos três vezes por semana. Sempre foi dada a rituais. Sentar na mesma cadeira, arrumar as coisas da mesma forma, andar na mesma esteira... Gostava de ficar em frente ao janelão que dá vista para o Parque da Cidade, lindo pedaço de mata atlântica que resiste espremido entre os prédios e a favela que o querem engolir. Fica olhando o céu, as nuvens, aproveitando a brisa que bate vez em quando, todos os matizes de verde que as árvores oferecem ao entardecer. Bem na sua frente, na altura dos seus olhos, firmemente fincada no chão fica uma bela e frondosa mangueira. Ao longo do ano acompanha a floração, os frutos aparecerem e crescerem, até que surgem os predadores jogando paus, pedras e futucando com vara a pobre árvore, que outra alternativa não tem a não ser ir derribando as mangas que vão ser consumidas, se maduras, ou deixadas ali mesmo no chão se não estão no ponto. Pois bem, olhando para aquela árvore, a música nos ouvidos, o pensamento vagando, notou que havia um vazio na folhagem, mais ou menos no meio da copa, como um nicho na escura massa de folhas. Pensou em como seria fácil alguém instalar-se ali e ficar quase invisível aos olhos dos inocentes passantes. Viu um vulto escuro, que se movia ao sabor do vento e do sol que entrava pelas frestas, um atirador de elite mirando em sua direção, com uma arma daquelas dos filmes de espionagem, chegou a sentir a luz do laser vermelho em sua testa, entre os olhos e como em Matrix viu o fulgor do disparo, a bala vindo em sua direção, certeira, sem chance, mortal. Não esboçou nenhuma reação. Sabia tratar-se apenas de sua imaginação, não corria nenhum perigo, não tinha inimigos, ninguém que pudesse desejar sua morte. Racional, ficou pensando que a loucura deve ser assim, só que nesse caso a pessoa acredita, confunde realidade e imaginação, sente-se ameaçada, perseguida, tem que revidar à altura. Entra numa escola e mata. Os médicos justificam sua ação com base nas reações químicas que confundem seu cérebro e alteram sua percepção da realidade... Nasceu assim? Tornou-se assim? Vítima ou assassino frio? Para as famílias que perderam seus filhos nada disso importa, a dor, assim como a loucura, tolda a visão, confunde a razão. A dor da ausência, ao contrário das balas, mata lentamente, numa espécie de tortura e sofrimento que parecem não ter fim.