terça-feira, 24 de novembro de 2009

O Dono da Bola

O ano passado (2008) foi rico em novas experiências artísticas. Meu guru Edson Calmon me convidou para participar de um livro que ele estava escrevendo e, com um pouco de receio e muita expectativa, produzi algumas imagens e uns poucos textos para esse trabalho. Sobre essa experiência escrevi O Dono da Bola, que reproduzo a seguir:

O Dono da Bola

Quem nunca ouviu falar dele? O dono da bola é um personagem que povoou a infância de muitos moleques e que quase todo mundo conhece: é aquele sujeito que chega ditando as regras, sem ele não tem jogo. Trata-se de um egocêntrico que se compraz com o poder que aquele objeto redondo lhe confere. Se for um perna-de-pau, joga porque tem a bola e sem ela não há jogo, escolhe os melhores para jogar do seu lado e ninguém pode reclamar do desequilíbrio de forças – ele é o dono da bola.

Nunca tive que enfrentar o dono da bola, talvez por pertencer ao time do sexo feminino e não gostar de futebol, que afinal de contas era coisa de menino, fui poupada desse embate e não tive que passar pelo dissabor de ter que ceder aos caprichos desse personagem que nesta página retrato. Aqui, com a bola nas mãos ele se afasta (não vai ter jogo?) ou se aproxima (para exercer sua força), ao gosto do leitor e de sua imaginação.

Por outro lado, deixando a infância para trás, na metade do caminho percorrido, tive a sorte de encontrar “o dono do livro”, este, em contra partida àquele, não demonstra um traço de egoísmo, pelo contrário, é generoso, semeia, abre espaço e convida. Este novo personagem é pródigo, magnânimo, seu prazer está em dividir, doutrinar, mostrar como se faz e fornecer as ferramentas para que o aprendiz possa fazê-lo. As descobertas do discípulo não despertam ciúme, pelo contrário enchem-no de orgulho e nisto está a sua generosidade.

Até mesmo a sua “bola” é diferente, tem outro formato, vejam só: trata-se de uma bola retangular, onde já se viu? Ele chega com cores nos olhos e idéias saltando de sua cabeça, como fios de cabelo, os fios da fantasia. Traz nas mãos um convite e eu o aceito de bom grado. Trata-se de novidade que me instiga. O livro é um objeto mágico que guarda em suas entranhas segredos, estórias e imagens que vão se revelando aos poucos, aguçando a imaginação, chamando o leitor para participar de uma viagem fantástica.

Vou percorrer estas páginas tentando costurar uma estória, com traços e cores que nascem da inspiração forjada em mim pelo mestre que me conduz. Espero não decepcioná-lo. Seus textos e imagens convidam ao deleite da criação e eu me deixo levar pela mão, “deixando correr o risco”...

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito lindos e revelam o esmero, gosto sóbrio e refinamento da artista.